Conhecendo o Pinguim, parte 2: O Debian

Debian Logo

Uma enigmática espiral vermelha

Continuando a jornada onde busco conhecer mais o pinguim, resolvi instalar a distribuição Debian. O codinome vigente da versão, na época, era o Etch.

O fato de ser praticamente adorada pelos usuários e respeitada nos fóruns por usuários de outras distros despertou a minha curiosidade. Mas, algo no comportamento da maioria dos usuários que indicavam sarcasticamente essa maravilhosa distribuição me fazia pensar sobre realmente ser uma boa ideia trocar o meu Mandriva que já era bastante prático e funcional. É bastante comum temer o que desconhecemos. Só que mesmo assim, vamos lá!

Após o arquivo ISO do CD com KDE baixado e queimado, começo a instalação. Até o momento, nada de incomum além da parte em que deveria particionar o disco que era bem diferente do Mandriva. Mas, em alguns minutos, o Debian estava instalado.

Realmente, o Debian era o pai do Kurumin mesmo e isso estava na “cara”! E já que citei o Kurumin, o problema da placa de rede wireless voltou a me assombrar. Dando boots via live CD do Mandriva, pesquisei sobre o problema e descobri que o módulo deveria ser instalado manualmente. Então, fui até o site do fabricante, baixei o módulo para o HD e reinicie no Debian. De antemão, fiz algumas anotações pelo motivo de ficar offline durante a futura operação de instalação deste módulo. Após reiniciar, loguei no sistema e executei os procedimentos anotados: instalar os headers do kernel, instalar os compiladores e finalmente compilar e subir o módulo. Pronto! Agora era só explorar o sistema:

Debian

Querendo ou não, eu havia me esquivado desse pequeno problema que poderia ter sido contornado com alguns procedimentos quando testei pelas primeiras vezes o Kurumin, por ele ter se comportado da mesma forma que o Debian. Mas, não vou culpar o refúgio que encontrei no Mandriva. Sem ele, eu não teria aprendido os primeiros comandos já que precisaria de uma conexão com a internet pra fazer pesquisas. Sem a conexão e um “Linux” funcionando, eu estaria bem acomodado pelo Windows mesmo. Então, lembrando do passado, passo a considerar uma lenda a escolha de uma distribuição “fácil” para aprendizado. Acredito que a facilidade da distribuição não é um obstáculo para quem quer aprender algo sobre o sistema, mas sim as condições que proporcionam o interesse em pesquisar mais e mais sobre o assunto. Além disso, espero que sirva como dica pra você que não conhece e está sentindo vontade em testar uma distribuição Linux.

Com base no pouco conhecimento adquirido no Mandriva, que apesar de limitado, já tornou-me possível comparar as possíveis vantagens ou desvantagens entre essas distribuições.

A primeira diferença, logicamente, foi o suporte a hardware da wireless. No primeiro momento, fiquei sem entender o motivo de não ter funcionado após a instalação. Pesquisando sobre o assunto, descobri a tremenda sacanagem que alguns fabricantes de hardware fazem com a comunidade. Eles simplesmente não disponibilizam o código-fonte para o suporte ao hardware já vir nativo no kernel. Como a política do Debian é não disponibilizar o sistema com software proprietário, eu tive que fazer os comandos mágicos para fazê-lo. Hoje em dia, o processo seria um pouco menos complicado: http://wiki.debian.org/rt61pci

A segunda diferença, foi parecida com a primeira: boa parte dos softwares que eu precisava não estavam instalados por padrão pelo motivo retrocidado. Justamente por ela, abriram-sem portas para me aprofundar no gerenciamento de pacotes, na época feito graficamente pelo PackageKit. Eu ainda tinha um certo pavor da console, mas passado algum tempo, eu já tinha instalado o java, codecs e o maldito flashplayer.

A terceira diferença, foi na performance e estabilidade. Com poucos cliques já é perceptível que o Debian era bem mais rápido em algumas tarefas. A única coisa que chegava a travar era o Iceweasel e eu nem preciso falar quem era o culpado. Entretanto, cheguei a sentir falta de algo: os efeitos 3d. Procurei então um tutorial para instalá-lo através da adição de um novo repositório no arquivo “sources.list”:

Debian2

Talvez seja perceptível, mas eu adorava esse pacote de ícones chamado “nuoveXT” (http://nuovext.pwsp.net/) e talvez ele lembre mais alguma coisa (www.lxde.org). Sim! O nuoveXT passou a ser o pacote de ícones padrão do LXDE, projeto até então inexistente. Inclusive se hoje eu fizer uma pesquisa, veja o que é retornado:

LXDE Standard Icons

Agora com o compiz instalado, voltei a ter os belos efeitos 3d novamente e junto com eles umas gloriosas travadas que me irritavam. Descobri que o problema na verdade era no próprio compiz e depois de um tempo passei a evitar as “firulas” por serem instáveis.

Eu já comecei a fazer ideia do motivo daqueles usuários, que haviam me indicado, tratarem essa distribuição com tanto respeito e admiração.

Nas insaciáveis pesquisas eu tinha ouvido falar do Ubuntu e cheguei a conseguir um CD da versão 6.06 LTS. Pra ser sincero, me mantive afastado por achar o nome da distribuição estranho e feio.

Quando eu estava conhecendo o Mandriva, consegui configurar o compartilhamento da conexão com a internet com outro computador em casa. Esse outro computador, quando adquirido, veio acompanhado de uma distribuição baseada no Ubuntu, o Sunsix. Foi a primeira vez que vi o GNOME e achei bastante estranho o modelo do ambiente com os dois painéis. Neste computador eu deixei o Mandriva mesmo instalado por ser fácil de “dar suporte” para os familiares que consegui persuadir a usarem o sistema.

Outra coisa que também me lembro nesta época era a utilização do sistema de arquivos ReiserFS. A influência veio do próprio Kurumin ao apresentar no seu instalador as vantagens de utilizar o ReiserFS para a partição que seria montada no diretório “/home”. Certa vez, após uma queda de energia, o sistema não iniciava mais. Rodei o “reiserfsck” com o parâmetro “–rebuild-tree” indicando a partição problemática e em alguns minutos eu estava com meus arquivos de volta. Fiquei impressionado porque antes, no Windows, a solução seria a famosa “formatação”. Eu particularmente já repudiava esse termo e sempre preferi “reinstalação do sistema operacional”. Mesmo assim, deixei de utilizar esse sistema de arquivos por alguns motivos óbvios. Quem não conhece, basta ler um pouco sobre o desenvolvedor: http://pt.wikipedia.org/wiki/Hans_Reiser

Não estou mais conseguindo espremer tanta coisa das minhas lembranças (não vou falar “memória” para não entenderem outra coisa). Só lembro que tudo estava funcionando muito bem até ouvir falar outro nome “legal”: Slackware!

Um grande abraço e conheça a próxima aventura clicando aqui.