Conhecendo o Pinguim, parte 3: O Slackware

Slackware Logo

A minha saga pelas distros ainda continua no ano de 2008. Eu estava com o Debian instalado e com tudo funcionando perfeitamente até ser bombardeado com o nome de outra distribuição interessante: O Slackware.

Essa distribuição era definida por usuários como sendo “difícil” e seu alvo eram usuários avançados/experts. Como eu sou curioso, baixei e a iso do DVD, queimei e vamos lá!

Preguiça ou intenso aprendizado?

Alguns defendem a ideia de que o termo “slack” vem do inglês significando “preguiça”, dando entender que o Slackware é preguiçoso e você que deve “se virar” para que ele funcione. Faz até sentido. Mas, o Patrick, criador e mantenedor da distribuição, é afiliado da Igreja do Subgênio.

Alguns meses já haviam se passado e eu estava me habituando com o tão temido terminal. Mas apenas me habituando! Não aceitava e nem achava cômodo ainda que algumas coisas fossem feitas por ele. Vou citar um exemplo. Como eu usava KDE, apesar de achar estranho a pronúncia “aportuguesada”, preferia o KGet (caguete?) ao invés de usar o Wget via linha de comandos.

Mesmo assim, cada descoberta era um motivo para continuar buscando mais e mais conhecimento sobre esse Sistema Operacional fantástico. As leituras de meses atrás começavam a ficar bem claras e me ajudaram bastante na instalação do Slackware. A versão, na época, era 12.0. A grande diferença que vi no momento de instalação, é que o instalador precisava de um requisito antes de ser executado: particionamento feito através do fdisk ou cfdisk, sendo que esse último foi mais “intuitivo”. Na seleção de pacotes admito, fui covarde e instalei todas as categorias. Não vi motivos de tentar enxugar a seleção já que eu usaria o KDE mesmo. Perderia muito tempo e poderia ter problemas depois com a falta de alguma lib. Então, em alguns minutos eu estava com o desktop “pronto” para uso:

Slackware KDE

Apesar de estar testando outras distribuições em paralelo, considero o Slackware a minha terceira grande mudança pelo motivo de ser o meu desktop principal. Com isso, eu ficava mais tempo explorando a distribuição. Vendo a captura de tela acima, podemos notar que o KDE é bem semelhantes ao do Debian. Isso porque o no Slackware o KDE está do jeito que ele realmente é!

Lembro que após instalado, o procedimento de instalação do módulo da placa wireless e placa de vídeo da NVidia foi mais simples que no Debian. No Slackware, instalado “full”, os cabeçalhos do kernel e os compiladores já estavam presentes.

O método de inicialização é um pouco diferente porque o Debian utiliza o SystemV enquanto o Slackware segue o padrão BSD, apesar de ter um toque “SystemV” com os runlevels. Comparando superficialmente o SystemV com o estilo BSD de inicialização, posso dizer que é flexibilidade versus simplicidade.

Após alguns ajustes, o Slackware estava funcionando tão bem quanto o Debian. A dor-de-cabeça começou quando precisei instalar algo que estava além do que era distribuido oficialmente. Algumas coisas funcionam bem ao serem instaladas diretamente pelo código-fonte, outras nem tanto. Era muito trabalhoso e passava mais tempo procurando umas libs estranhas do que usando as aplicações para minhas necessidades. Cheguei a utilizar o pacotes alienígenas para instalar o BrOffice.org, por exemplo. Mas, cheguei também a lembrar que alguma coisa no Debian teria de ser instalada ortodoxamente pela linha de comando. Ter um gerenciamento de pacotes como o APT é bastante cômodo, até chegar o momento de precisar instalar algo que não pertença à árvore de pacotes oficiais.

Slackware KDE II

Sim! Isso era meu KDE! Cheguei a ser influenciado pelo GNOME no momento em que decidi utilizar dois painéis.

Algumas coisas no Slackware me assustaram no início. Até pensei que o scroll do meu mouse estava com algum problema. Pesquisei e descobri como superar esses obstáculos. Era divertido, aprendi bastante mas obviamente isso consumia tempo. Acredito que foi meu auge no aprendizado básico de GNU/Linux.

Considero o Slackware uma distro excelente para aprendizado. Fazendo uma analogia com o desenho animado Cavaleiros do Zodíaco, posso até dizer que o Slackware é como a Ilha da Rainha da Morte. Não que seja impossível aprender GNU/Linux com outras distros, mas o Slackware te proporcionará um ambiente favorável para o aprendizado, jogando a todo momento algum obstáculo que pode ser superado com dedicação à leitura. Isso mesmo! Não adianta ficar dando “soco em ponta de faca” e achar que as soluções vão cair do céu.

Ikki, Ave Fenix!

Com o KDE e após plugins, codecs, java e afins instalados e devidamente configurados, o Slackware passa a ser uma excelente distro para o uso de qualquer pessoa, independente do nível de experiência. Afinal, o KDE será a camada de abstração ao invés da distribuição em si!

A Era Minimalista

Como a maioria dos entusiastas, um desktop funcional significa estagnação. Agora com o desafio cumprido e curiosidade em conhecer essa magnífica distro saciada, resolvi conhecer outros ambientes gráficos. O GNOME não me agradou muito e sob recomendações (chantagens e chacotas) de amigos resolvi testar o fluxbox:

Slackware Fluxbox

Como pode perceber, ainda restou uma influência do KDE. Com o tempo eu percebi que devido a diversidade no mundo livre, fica difícil migrar bruscamente, seja entre distribuições ou ambientes gráficos. Tudo é uma questão de costume!

Agora, com esse espaço de tempo me habituando com uma das distribuições Linux mais conceituadas, pude enxergar algumas vantagens e desvantagens entre elas. Dentre elas, a maior vantagem para uma distribuição é o TEMPO que você gastará para resolver algum problema. Se você está gastando mais tempo para resolver algo trivial, isso não chega a ser vantagem, ao menos que seja com objetivo de aprendizado. A outra vantagem é a documentação. Não adianta ficar esperando um samaritano em fóruns ou IRC. No caso do Slackware, a documentação é descentralizada. Existem wikis maravilhosas, como a do Arch Linux, mas o que recomendo sempre é ir no site oficial de determinado projeto e aprender com a própria documentação cedida pelos desenvolvedores ou colaboradores.

E aí? Vai encarar o Slackware?